quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Eles

Volta e meia sou invadida pelos meus próprios “eus-monstros”. Eles são feios, maus, rosnam, têm dentes grandes e afiados, se alimentam de mim e nunca estão satisfeitos. Ás vezes eu exalo um certo mau hálito vindo deles.

Quando posso tento os acalmar, assim como quem se aproxima lentamente de um cão raivoso. De vez em quando funciona, se acalmam, outras vezes me devoram um pouco do coração, fígado e estômago.

Eles crescem e se multiplicam de forma desordenada, tenho a impressão que um dia eles tomarão conta de todo o espaço ocupado pelas minhas vísceras. É bem possível! Talvez aí, quando eu estiver completamente vazia e já não tiverem do que se alimentar, eles finalmente me deixem em paz – eu e minha carcaça - ou quem sabe procurem abrigo em outro alguém, ou ainda, simplesmente se aquietem e sejam meus companheiros de viagem até o fim. Não sei!

Quiçá um dia eu comece a comê-los! Também não sei.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito da maneira como escreves... parabéns!

Luiz Henrique disse...

Realmente você tem uma veia escritora que pulsa criatividade, consegue falar ao nosso íntimo.