segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Trem da Morte

Estavam todos mortos. O trem estava aniquilado, pelos corredores que ainda restavam parcialmente inteiros, por assim dizer, o que se via eram corpos sobrepostos sobre outros corpos em meio a muito ferro contorcido e sangue.

Por toda parte o cheiro da morte terminava por sufocar os moribundos que insistiam em querer sobreviver respirando aquele horror. Apenas meia luz era tolerada, e ainda assim, de modo indigno vindo da destruição das paredes e janelas da velha máquina.

Quantos segredos guardados no mais secreto compartimento cerebral mal revelados a si mesmo teriam sido finalmente sepultados no momento da explosão? Palavras não ditas presas na garganta para sempre. Urgências infinitamente adiadas. Sonhos eternizados. Seres que desapareceriam com o tempo e não seriam lembrados como heróis; empresários, donas de casa, políticos, pessoas e passados diferentes, a ironia do mesmo destino; morrer pelo acaso. Defeito elétrico, um cabo arrebentado, talvez a falta de manutenção ou desleixo de alguém que queria chegar logo em casa tomar um bom banho e ir para a cama cedo. Alguma coisa importava agora? Tudo havia acabado sem que alguém ao menos soubesse que havia começado, tão banal quanto a fumaça que se espalhava dos destroços.

Tão fácil se perder.

Um comentário:

Luiz Henrique disse...

Ta ficando mais macabra hein
hehehe
brinks