"Grades transparentes envolvem meus olhos e me fazem focalizar o que naturalmente não posso (ou não quero) ver. Uma vez vi sombras sem olhos, sem meus olhos. Nunca mais esqueci. Minha sombra, meus olhos, eu ainda os tenho... Tanta coisa que não consigo entender, coisas humanas, inquietações internas (eternas). Tão difícil organizar uma vida, escolhas e escolhas. Como escolher viver se eu não conheço as outras alternativas? Como as pessoas escolhem fazer a vida inteira uma mesma coisa e ser feliz? Eu posso ser recepcionista, professora, psicóloga, namorada, cozinheira, bibliotecária, cabelereira, artesã. Porque escolher se posso ser tudo isso e muito mais? A vida é única, reza a lenda, mas as opções são muitas, tantas que tudo embaralha diante de minhas nobres lentes, tranformando-se enfim em sombras sem olhos, sem direção... As pessoas tentam simplificar tudo, mas no final só fica mais complicado e sem sentido, então eu escrevo" (Déborah Leão)