tag:blogger.com,1999:blog-76076244132443119242024-03-05T23:21:05.853-08:00InterioresEm busca da essência!Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-67684352079806107222010-06-23T17:15:00.000-07:002010-06-23T17:18:06.523-07:00Notícias<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5Cuser%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family:Arial;">Queridos amigos, estou novamente na ilha e começo a acreditar que é o meu lugar. Hoje fez um maravilhoso dia, cheirando a alegria e céu azul daqueles sem nuvens, o mar estava de todo muito claro e quentinho. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-family:Arial;"><span style=""> </span>As novas tecnologias não deram as caras por esses lados, mas até que gosto de fazer as coisas do modo antigo. A noite, a claridade vem da lua ou das velas, quando ambas estão ausentes é preciso acostumar os olhos a escuridão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style="font-family:Arial;"><span style=""> </span>O ar da manhã oferece frescor de vida nova, o que me faz sentir a falta de alguma coisa que ainda não identifiquei. Pelo que sei todas minhas malas chegaram, tenho as mãos tudo o que necessito e os pensamentos que cultivei ao longo dos anos. O lixo é retirado de tempos em tempos, conforme as necessidades e os aumentos de temperatura.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family:Arial;">Aqui também tem dias tempestuosos e cinzas, nesses dias nada me comporta, escorro com a chuva pelo mar até reencontrar novamente meu caminho. Nunca venho do mar da mesma forma que entrei, volto sempre maior. Depois tudo se acalma novamente e torno a respirar, então vejo minha casinha longe no meio de toda aquela imensidão de ilha, em volta tudo são destroços, mas ela está sempre lá em pé, me esperando voltar. Conforme chego perto, o sol reflete em seu telhado, até que a própria casa torna-se Sol. Pintarei um quadro com essa imagem num dia desses.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family:Arial;">Como podem imaginar, este é um lugar distinto dos demais, esporadicamente avisto do farol uma ou outra ilha que às vezes se aproximam conforme as luas<b style="">, </b>gosto de acreditar na idéia de um arquipélago.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family:Arial;">Vou ficando por aqui, lá fora está um entardecer lindo. Pretendo andar um pouco, hoje à tarde percebi um caminho novo ao sul, quero ver quanto consigo conhecer e explorar antes do sol se por. Mandem notícias!<o:p></o:p></span></p> Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-83610891718547461632010-04-26T20:57:00.000-07:002010-04-26T20:58:37.778-07:00Permissão para voar<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5Cuser%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;">De olhos fechados é permitido chegar a qualquer lugar. Era assim que ela se permitia, e permanecia com os olhos bem fechados, as coisas poderiam parar ou caminhar infinitamente mais rápidas que não tinha importância alguma. No ar do quarto pairava um morno cheiro de café fresco, Durante aqueles incalculáveis tempos ela simplesmente era como os fios de lã em uma cesta que nunca poderiam voltar ao novelo, condenados para sempre naquela confusão sem começo ou fim. De dentro do seu labirinto ela podia quase se sentir feliz, em casa talvez.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;">Lá fora ventava suave a brisa de uma manhã qualquer de primavera, os pássaros cantavam em burburinho, o céu provavelmente estava naquela imensidão azul, as flores dos laranjais perfumando, enfeitando o quadro perfeito que em outros tempos poderia até ser real, mas que naqueles dias não passava de uma imagem perdida na mente de alguém que não sabia sequer o próprio nome e que há muito tempo não limpava sua própria baba.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;">As horas param, os dias passam e voltam, anos rastejam em segundos eternos de tic-tac tão duros como o martelo de um juiz pedindo atenção. Um grande buraco se abre. Um vácuo cerebral tão dolorido quanto pode ser lateja. Dois olhos reacendem. Um homem de branco no canto do quarto arruma algumas coisas não visíveis, o café já meio velho na bandeja permanece intocado, sabe-se lá por quanto tempo. Os braços amarrados não alcançam nem mesmo seu próprio rosto, quem dirá aquela bandeja metálica, tão fria quanto a morte, quanto a falta de sonhos e a sobra de vida guardada dentro de quatro paredes. A sua volta a realidade de um quarto enlouquecedoramente branco, o vazio destruidor de imagens, mas nada dura.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;">O espaço de tempo que estivera ali e ali permaneceria já não faziam qualquer diferença... a névoa da loucura fechando novamente sobre seus olhos. Silêncio e sonhos. <o:p></o:p></span></p> Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-9246113186626124762010-03-17T18:12:00.000-07:002010-03-17T18:14:37.457-07:00Flores de aço<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5Cuser%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><o:smarttagtype namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" name="PersonName"></o:smarttagtype><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if !mso]><object classid="clsid:38481807-CA0E-42D2-BF39-B33AF135CC4D" id="ieooui"></object> <style> st1\:*{behavior:url(#ieooui) } </style> <![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;">Mais uma vez eu estava matando ele, porque não importava quantas décadas passasse, ele sempre acabava voltando. Já havia me despedido das mais diversas formas, em sonhos e com flores. Inúmeras lágrimas haviam caído livremente em meu rosto meio deformado pela dor, dessa vez era eu quem tinha que matá-lo. Doeu-me.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;">Noite passada eu sonhei que ele voltava. Pele acinzentada e úmida, olhos verdes, sem vida, vi neles raiva incontida. Vinha em passadas largas, descontrolado me procurava em todos os cantos, eu sabia que ele iria me encontrar mais cedo ou mais tarde. Toda a opressão que eu já havia sentido me voltava à garganta sufocando minha coragem, tornando-a murcha até virar um medo devastador.<span style=""> </span>Em suas mãos, duas barras de ferro que eu sabia muito bem, me eram destinadas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;">Não sei quanto tempo fiquei escondida, mas foi tempo suficiente para amargar o medo no peito e transformar em uma coragem nunca antes sentida. Sai do esconderijo e parti para o ataque, em minhas mãos também tinham armas. Logo que me viu correu em minha direção, fiz o mesmo. Ele me atacava, eu fazia o mesmo. Primeiro era ferro contra ferro, depois foi a carne de sua cabeça que minha arma encontrou. Era um monstro maior que eu, já não conseguia parar de bater. Desesperada eu gritava e continuava a bater, ele caiu de joelhos e me olhava com olhos ternos, cheios de lembrança. O ferro em minha mão prosseguia batendo, tirando sangue, vida e os sons mais terríveis que eu certamente haveria de ouvir nessa vida.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;">Acordei com o corpo coberto de suor, minhas mãos geladas e doloridas. O grito na garganta preso a me sufocar, ninguém por perto, nervos <st1:personname productid="em frangalhos. N ̄o" st="on">em frangalhos. Não</st1:personname> dormi o resto da noite, as dobras da coberta guardavam as lembranças dos constantes pesadelos. Pensando friamente sobre o sonho de ontem posso dizer que ainda não sei por que ele quer voltar, mas sei muito bem porque não quero que ele volte.<o:p></o:p></span></p> Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-59534081675558064262009-12-21T16:48:00.000-08:002009-12-21T16:49:41.324-08:00Ensaio sobre o fim!<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5Cuser%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <o:shapedefaults ext="edit" spidmax="1026"> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <o:shapelayout ext="edit"> <o:idmap ext="edit" data="1"> </o:shapelayout></xml><![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: 11pt; line-height: 150%; font-family: Arial;">Quem nunca pensou em cortar os pulsos quando a morte tão sedutora mostra suas unhas vermelhas e seu cheiro adocicado de jasmim? Eu ainda sinto seu cheiro. Lembro de tê-la visto em alguma das esquinas que passamos na noite passada, um pouco depois de ter perdido a consciência. Ela mostrava-se como num clichê roxo e preto em meio a escuridão enquanto o carro ultrapassava em alta velocidade caminhos que jamais pensaria que pudesse passar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: 11pt; line-height: 150%; font-family: Arial;">Nessa noite, ao lado da pessoa que poderia ser minha alma gêmea, segurei firme no encosto do banco da frente e senti o medo mais devastador. Foi nesse momento que a percebi ainda mais perto, sabia que em algum lugar da cidade fria ela me esperava com a promessa do eterno. Eu estava qualquer coisa entre me sentir maravilhada e apavorada com tal convite.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: 11pt; line-height: 150%; font-family: Arial;">O que faz alguém querer morrer ou viver? Será que é a soma dos sorrisos? Por que eu estava sorrindo se estávamos perdidos? Lembro qualquer coisa sobre um embalo suave e continuo e ainda pensava sobre a vida. Naquele momento eu só gostaria de estar em minha casa, deitada na cama sendo abraçada por ele, relembrando momentos, tragando sorrisos um do outro, espantando ela para longe, cegando com nossa luz seus olhos famintos. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: 11pt; line-height: 150%; font-family: Arial;">Não sei dizer de onde veio aquela luz que momentos antes eu imaginava, mas veio, e<span style=""> </span>seguida de um impacto tão forte que me senti sendo jogada para fora da janela. Ouvi freadas, e o vil metal se contorcendo – talvez por medo também, nenhum grito audível e eu estava no chão. Não sentia dor, nem frio e nem mais aquele medo, só conseguia pensar que o toque dela tinha um peso forte demais e talvez eu precisasse de um abraço, ainda que fosse eterno.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: 11pt; line-height: 150%; font-family: Arial;">O ar estava parado, quase não chegava a meus pulmões, o silêncio como um cobertor me acalentava. Não sei ao certo quantas eternidades passei ali, quantos sonhos e lembranças me vieram visitar. Quando acordei estava num hospital, depois de uma noite em coma, na qual me disseram eu havia morrido e nascido novamente. Eu acreditei, pois ainda pela manhã, podia sentir seu cheiro.<o:p></o:p></span></p> Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-9347905093773334482009-09-09T08:50:00.000-07:002009-09-09T08:53:30.923-07:00Sobre - Viver"Sem-sibilizar-s<br />Transpor-tar-se,<br />sem tocar o chão<br /><p class="listp">Vi-ajar,<br />de olhos bem fechados<br />Des-estruturar a vida<br />Re-montar-se,<br />Nova-mente<br />Sem-sibilizar<wbr>-se"<br /></p><p class="listp"><br /></p>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-13944686583677213022009-07-28T11:41:00.000-07:002009-07-28T11:49:11.751-07:00Esse é um texto sobre meu pai. Não consegui lhe atribuir um título. Foi um sonho que tentei colocar em palavras....<br /><br /><br /><div align="justify"> Foi no final de uma tarde cinzenta e tranqüila, os laranjais carregados de frutos, cães e gatos numa estranha harmonia. Ele havia acabado de tomar seu costumeiro café da tarde, me fez carinho, acho que devia estar meio atrasado porque num parava de olhar no punho esquerdo para ver as horas. Fazia algum tempo que não preparávamos a pipa para alguém partir, mas ele parecia acostumado com aquilo tudo, além do mais estava preparado e com pressa.<br /> Estendemos a calda pela escada de casa. Eu segurava em uma das extremidades posteriores. Ela permanecia com ele no final das escadas, e por alguns instantes os dois pareciam longe demais, não sei o que ela lhe dizia, se o ajudava nos últimos preparativos ou apenas lhe dava os últimos conselhos. A calda era colorida com triângulos de seda e muitas linhas para amarrar tudo numa única e grande calda de pipa, que apesar de frágil demais era um bocado bonita e bem feita.<br /> Não sei dizer quanto tempo se passou antes da rajada de vento vir. Fechei meus olhos, um medo terrível me invadiu, percebi que havia chegado à hora de soltar a ponta da calda que eu segurava com tanta força e ao mesmo tempo cuidado. </div><div align="justify"> Ele voou, sei que não olhou para trás, que não sentia medo mesmo quando a grande calda enroscou nas árvores e nos telhados. Foi embora voando como se fizesse isso todos os dias, e eu chorei porque sabia que aquilo nunca havia acontecido antes, e que nunca mais iria acontecer</div>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-21577143189094511322009-02-11T18:10:00.000-08:002009-02-11T18:12:06.679-08:00Rastro<p class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt; line-height: 150%; font-family: arial;">Todos os dias eu fazia as malas para ir embora. Guardava tudo que aquilo que julgava importante e tentava criar a coragem de fazer o inevitável.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%; font-family: arial;">Todos os dias ele batia em minha porta e semeava meu canteiro de orquídeas com ervas daninhas, jurava a mim mesmo que iria embora, mas acabava ficando sempre mais um dia, de dias e dias.<o:p></o:p></p> <p class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt; line-height: 150%; font-family: arial;">Prometia mudar, mas as ervas enrolavam-se em minhas pernas, aos poucos fui percebendo que como elas, eu também tinha raízes. Minhas pequenas flores plantadas com tanto carinho disputavam o espaço cada vez menos abundante.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%; font-family: arial;">As janelas iam sendo tomadas pelo mato que crescia em ritmo desenfreado, tornando o interior da casa obscuro, a visão cada vez mais turva e a luz do dia muito rara.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial;"><span style="font-family: arial;">Os dias passavam sem mais azul, transcorrendo em meio a trevas, a densidade do ar palpável e sem precedentes. Na madrugada do dia em que as coisas se tornaram insuportavelmente intensas, eu acordei. O pesadelo de ser enterrado ali me sufocava. Senti que não havia mais tempo a perder, como um louco arranquei minhas raízes e fugi, deixando uma mala sobre a mesa e meu rastro de terra pelo caminho.</span><o:p></o:p></span></p>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-43957006344252802412008-12-22T18:21:00.000-08:002008-12-22T18:23:24.634-08:00Trem da Morte<p class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; font-family: arial; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"> Estavam todos mortos. O trem estava aniquilado, pelos corredores que ainda restavam parcialmente inteiros, por assim dizer, o que se via eram corpos sobrepostos sobre outros corpos em meio a muito ferro contorcido e sangue.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; font-family: arial; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style=""> </span>Por toda parte o cheiro da morte terminava por sufocar os moribundos que insistiam em querer sobreviver respirando aquele horror. Apenas meia luz era tolerada, e ainda assim, de modo indigno vindo da destruição das paredes e janelas da velha máquina.<o:p></o:p></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; font-family: arial; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style=""> </span>Quantos segredos guardados no mais secreto compartimento cerebral mal revelados a si mesmo teriam sido finalmente sepultados no momento da explosão? Palavras não ditas presas na garganta para sempre. Urgências infinitamente adiadas. Sonhos eternizados. Seres que desapareceriam com o tempo e não seriam lembrados como heróis; empresários, donas de casa, políticos, pessoas e passados diferentes, a ironia do mesmo destino; morrer pelo acaso. Defeito elétrico, um cabo arrebentado, talvez a falta de manutenção ou desleixo de alguém que queria chegar logo em casa tomar um bom banho e ir para a cama cedo. Alguma coisa importava agora? Tudo havia acabado sem que alguém ao menos soubesse que havia começado, tão banal quanto a fumaça que se espalhava dos destroços.</span></p><div style="text-align: justify; font-family: arial;"> <span style="font-size:85%;"><span style="font-size: 12pt;"> Tão fácil se perder.</span></span></div>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-20927331843051994422008-12-07T09:24:00.000-08:002008-12-08T00:45:39.174-08:00Pela fresta da Janela<p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify"></p><div style="TEXT-ALIGN: justify"><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial">Ele a via pelo visor da máquina filmadora, e ela no outro lado da rua, tinha plena consciência dos olhos cor de tempestade pousados sobre si, talvez por isso dançava como uma criança que se mostra a um adulto. </p><p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%"><span style="font-family:Arial;">O vento rodopiava em sua saia ¾, enquanto o cabelo desordenado brincava em seu arteiro rosto cor de chocolate atrapalhando um pouco a visão.<?xml:namespace prefix = o /><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%"><span style="font-family:arial;">Ele poderia passar horas ali filmando-a, tragando seus olhos, sorrindo seu sorriso, movendo-se na dança de seus longos cabelos negros. A dança da estranha, que pela pequena janela lhe fazia sentir conhecida de anos a fio.</span></p><p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%"><span style="font-family:arial;">Menina-mulher, ao menos naquele momento, por aquela pequena fresta poderia, vive-la. E como queria não precisar de nenhum artifício para isso. Ele sabia que em algum momento a bateria iria acabar, o vento cessaria, ela pegaria suas sandálias e partiria sem olhar para trás procurando um novo redemoinho que a fizesse dançar, sem a ciência que deixava nele um amor dilatado que pulsava enchendo quatro corações e meio.</span></p></div>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-82190888379670024582008-12-01T05:36:00.000-08:002008-12-08T00:55:27.558-08:00Mais um dia na Capital<p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify"></p><div style="TEXT-ALIGN: justify"><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial">A confortável fumacinha que sai da caneca anuncia um novo dia começando. Pela fresta da cortina vejo um pedaço de céu azul, um dia de verão na capital e mais um dia de trabalho para quem precisa. Sorvendo goles de chá, planejo o dia, as cobertas tornam o processo de sair da cama muito difícil e lento, teimo em continuar ali só por mais cinco minutinhos, os quais poderiam ser infinitos.</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial">Ouço os carros passando, barulho de fábricas que começaram seus expedientes, transeuntes conversando, de longe o sinal do colégio toca. Uma onda preguiçosa me invade, me alongo, mexo braços, pernas, me estico, ensaio levantar. Olho pro lado ele ainda está dormindo, talvez sonhando. A ingenuidade matinal me domina, talvez mais dez minutos não façam tanta diferença assim, viro pro lado o abraço, durmo novamente.</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial">Estou indo por uma estrada marrom, nenhum sinal de civilização. Ao meu lado estão duas garotas, não devem ter mais de 18 anos, estão segurando uma bacia não consigo ver o que há dentro. Avisto uma casinha totalmente abandonada, caindo aos pedaços, muito mato por toda parte. Continuo andando. Elas sorriem para mim e continua tocando aquela velha canção....</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial">Abro os olhos, tem alguma coisa errada, o dia está mais claro do que deveria estar! Perdi a hora, encosto na caneca de chá, ela está gelada, levanto correndo, mas já não há como remediar. Como diz o poeta, o tempo não pára! Sem muito tempo pra pensar corro pro banho sorrindo, afinal têm coisas que valem a pena!</span></p></div>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-89507570756921475302008-11-19T19:05:00.000-08:002008-12-08T00:57:11.495-08:00Eles<p></p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">Volta e meia sou invadida pelos meus próprios “eus-monstros”. Eles são feios, maus, rosnam, têm dentes grandes e afiados, se alimentam de mim e nunca estão satisfeitos. Ás vezes eu exalo um certo mau hálito vindo deles.</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">Quando posso tento os acalmar, assim como quem se aproxima lentamente de um cão raivoso. De vez em quando funciona, se acalmam, outras vezes me devoram um pouco do coração, fígado e estômago.</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">Eles crescem e se multiplicam de forma desordenada, tenho a impressão que um dia eles tomarão conta de todo o espaço ocupado pelas minhas vísceras. É bem possível! Talvez aí, quando eu estiver completamente vazia e já não tiverem do que se alimentar, eles finalmente me deixem em paz – eu e minha carcaça - ou quem sabe procurem abrigo em outro alguém, ou ainda, simplesmente se aquietem e sejam meus companheiros de viagem até o fim. Não sei!</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">Quiçá um dia eu comece a comê-los! Também não sei.<br /></p>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-84812704117801202712008-11-10T03:40:00.001-08:002008-12-08T00:58:34.694-08:00O palco<p></p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">O palco era grande, atravancado de porcarias que iam do chão até o teto. Mercadorias desordenadamente colocadas em pilhas, fileiras, unidades sobre unidades e ao lado de outras tantas unidades. Placas amarelas de preço anunciavam imperdíveis promoções, sabão em pó, em pedra, sabonete, arroz, feijão, banana, produtos de todos os gêneros armazenados no mesmo local. Corredores apertados, mau iluminado, cheirando a urina de rato, frutas passadas e suor humano. As moscas pousando sem pressa sobre lingüiças, bacon e torresmo expostos em desmazelo sobre o balcão do açougue. Características comuns de mercados populares. “Aproveite a oferta freguesia”, anunciava da caixa de som uma voz meio rouca e cansada, entre um pagodinho e outro.</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">De que serve o palco senão para atores representarem seus papeis? Os atores eram homens, mulheres e crianças, em seus carrinhos até mesmo os nenéns não perdiam a oportunidade de participar do espetáculo fazendo alguma algazarra (às vezes engraçadinhas, às vezes irritantes). Papeis e intenções se repetiam diariamente, as falas se restringiam a “obrigada”, “por favor”, “licença”, raramente improvisações eram necessárias, participações rápidas. A menina do caixa sempre sorridente com seu avental azul fazia acenos com a cabeça “Obrigada, volte sempre</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">Todo dia, dia de interpretação, cortinas abertas de segunda a segunda. Um palco repleto de novos e velhos talentos, porém não havia tempo nem espaço para apenas assistir, muito menos ensaiar, a vida pulsavam em cada canto, até mesmo o ar ali, possuía uma densidade diferente. Todos sem exceção, intérpretes de um palco real, de uma vida que meramente acontecia.</span> </p>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-4140472988387919472008-11-04T03:56:00.000-08:002008-12-08T01:01:02.205-08:00Parole...<p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-family:Arial;">Desci do carro e a primeira onda de vento gelado me invadiu eriçando meus pêlos do braço.<span style="font-size:0;"> </span>Uma noite silenciosa demais para o meu espírito que gritava, mas mesmo assim uma bonita noite esbranquiçada.<?xml:namespace prefix = o /><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-family:Arial;">Respirei fundo e comecei a andar, mas tão devagar que quem me olhasse, mesmo de longe, veria que eu não queria chegar ao lugar de objetivo. E não queria mesmo, como não queria...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-family:Arial;">Minha alma ansiava por diversão, por algo que a fizesse esquecer ao menos por aquela noite tudo o que a fazia sofrer.</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">Andava sem me importar com o horário, sem me importar por estar sozinha, queria ser encontrada, para cada carro que passava eu olhava esperando encontrar algum rosto amigo. O caminho parecia curto demais.</p><p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-family:Arial;">O vento continuava a soprar, eu cada vez me afundando mais em pensamentos, o desejo aumentando mais e mais, agora misturado com um pouco do desespero ao constatar que faltavam poucos metros e ninguém ainda tinha me encontrado. Nenhum amigo para dizer: “que bom te encontrar, estou precisando conversar, talvez somente um pouco de vinho ou<span style="font-size:0;"> </span>quem sabe querendo um simples abraço”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-family:Arial;">Os amigos de verdade estavam há certo tempo escassos. Fechada em minha concha poucos me conheciam mesmo, tinha virado algum tipo de profundeza. Os passos agora eram ainda mais vagarosos e pesados, a esperança de ser encontrada por alguém quase não deixava mais vestígios. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-family:Arial;">Lentamente abri o portão o vento mais uma vez me tocou, dessa vez fazendo voltar um pouco à realidade que me cercava. Entrei, fechei o portão. Deste ponto em diante os passos já eram automáticos, não mais comandados por mim, subi as escadas, abri a porta, quando cheguei em meu quarto percebi que ninguém me havia encontrado e também ninguém mais me esperava. Era unicamente a solidão que me estendia os braços novamente.</p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; FONT-FAMILY: arial" align="justify">Rapidamente liguei o rádio, estava na hora de parar de ouvir meus pensamentos. A música italiana tocou alta enchendo todo o quarto, ”parole, parole, parole”...</span> </p><br /></span>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7607624413244311924.post-49815503067511711382008-10-31T18:16:00.000-07:002008-12-08T01:03:39.246-08:00Obsessão<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge-Zc_JdSTNPhuT2VPlIq_7-UzrKlCLAW4CY4_MIWTNXNWllgcytjIny4Ni2T7hJNZ_0sxfWDlak1jhao5spm6lIm5HahbqxsvCwzCVXTSvaZs64QXxnx6JwLXEFbVzILhkKm2sFK_lAjE/s1600-h/S5030260.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5263494499031562338" style="FLOAT: right; MARGIN: 0pt 0pt 10px 10px; WIDTH: 297px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 206px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge-Zc_JdSTNPhuT2VPlIq_7-UzrKlCLAW4CY4_MIWTNXNWllgcytjIny4Ni2T7hJNZ_0sxfWDlak1jhao5spm6lIm5HahbqxsvCwzCVXTSvaZs64QXxnx6JwLXEFbVzILhkKm2sFK_lAjE/s320/S5030260.jpg" border="0" /></a><span style="font-size:100%;"><br /><br /></span><span style="font-size:100%;"></span><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:11;"><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 6pt 0cm; LINE-HEIGHT: 150%" align="justify"><br /></p></span></span><div style="TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:arial;font-size:11;"><?xml:namespace prefix = o /><o:p></o:p></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:arial;"></span></div><p class="MsoBodyText" style="MARGIN: 6pt 0cm; TEXT-INDENT: 35.4pt" align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:11;"><span style="font-family:arial;">Afastei o portão, passei sem dar maior atenção à cadela que me fitava com ar de reconhecimento, escancarei a porta que estava apenas encostada e entrei. A família toda estava reunida na sala, espalhados pelo sofá de estampa florida, assistiam alguma coisa que passava na tv. Me olhavam de maneira confusa, mas meus passos firmes me faziam continuar e passar por eles sem me importar com as indagações que vinham.<o:p></o:p></span></span></span></p><div style="TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:arial;"></span></div><p class="MsoBodyText" style="MARGIN: 6pt 0cm; TEXT-INDENT: 35.4pt" align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:11;"><span style="font-family:arial;">Me dirigi com pressa para o quarto dele, nada tinha mudado, os móveis continuavam nos mesmos lugares. A cama desarrumada, as roupas jogadas pelo chão, os livros sem ordem empilhados sobre a cadeira, o disco na vitrola persistia em rodar sem tocar nada. Quanto tempo teria passado desde a última vez? <o:p></o:p></span></span></span></p><div style="TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:arial;"></span></div><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 6pt 0cm; TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%" align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:11;"><span style="font-family:arial;">Parada no meio daquele quarto que era um pouco meu também, fiquei olhando aquelas coisinhas todas, a canção dos ventos pendurada na frente da janela produzia um suave som metálico de peças batendo enquanto a cortina dançava longe e me tocava de leve as pernas. <o:p></o:p></span></span></span></p><div style="TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:arial;"></span></div><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 6pt 0cm; TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%" align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-size:11;"><span style="font-family:arial;">A estante estava ainda ao lado da porta do quarto. A mesma bagunça, tudo junto ao mesmo tempo. Meu olhar passou por cada prateleira, mas apenas uma me chamou maior atenção. Os porta-retratos! Com alegria vi nossas lembranças em fotos, alguns tinham apenas fotos minhas, da minha infância (o que explicava porque os retratos haviam sumido da minha casa), em outras, imagens nossas abraçados, sorrindo felizes, sorri também. Um sorriso que foi desaparecendo ao ver que ali, naquela mesma prateleira, continha fotos de uma mulher que não era eu, uma outra que nunca tinha visto. Fui vendo cada vez mais retratos dela espalhados junto com os meus. Entendia perfeitamente. Senti ódio.</span></p><p class="MsoBodyText" style="TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%font-family:arial;" align="justify" ><span style="font-family:arial;">Ele entrou pela porta, não me pediu explicações. Não perguntou o que eu fazia ali mexendo em feridas depois de tanto tempo, talvez porque tanto quanto eu, ele também se encontrava sem voz.<span style="font-size:0;"> </span>Ficamos por algum tempo nos olhando, não sei explicar como que dos olhares fomos para o beijo. Um beijo lento e perfeito. Enquanto me deitava na cama, um porta-retratos caiu de minha mão, mas nada importava. Éramos os únicos seres habitantes do mundo, nos enroscávamos no lençol amarrotado. Desculpe interromper! Uma voz soou alta, não vi de onde veio, mas o beijo havia acabado.<span style="font-size:0;"> </span>O telefone tocou, acordei sobressaltada. </span></span></p><div style="TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:arial;"></span></div><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 6pt 0cm; TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:arial;font-size:11;">Não queria atender telefone algum, deixei que tocasse.<span style="font-size:0;"> </span>Ansiava por voltar, desejava ardentemente realizar aquilo tudo, abrir a porta, invadir a casa, tomar de volta o que me pertencia, organizar a estante de lembranças, jogar fora as que não eram minhas. Mostrar que ele jamais poderia me esquecer. Dizer simplesmente: Voltei!</span></span><o:p></o:p></p></span>Déborah Leãohttp://www.blogger.com/profile/00957033302080310389noreply@blogger.com0